Share |

Orçamento de Estado adia novo Hospital do Oeste

Na proposta de Orçamento de Estado para 2025, está inscrita a intenção de construir o Hospital do Oeste, mas não passa de uma intenção, porque a desilusão vem logo a seguir quando se sabe que não há verba inscrita para o início da construção, não há anúncio de localização e pasme-se, vai ser feito um novo estudo em 2025.

Este Governo fez tábua rasa do estudo anterior e da decisão do Governo PS de construir a nova unidade no Bombarral, pela sua centralidade em relação aos concelhos que hoje são servidos pelos três hospitais de Torres Vedras, Peniche e Caldas da Rainha. São cerca de 300 mil utentes numa área que vai desde parte do concelho de Mafra até duas freguesias a sul de Alcobaça.

Com a queda do Governo PS a decisão anunciada de efetuar o projeto para o Bombarral, foi para o lixo e este Governo, que não decidiu nada em 2024, prepara-se para fazer um novo estudo em 2025, ou seja, dois anos de adiamento.

Sendo assim, esta intenção é mesmo um engodo. Já nas páginas do Badaladas em 6 de setembro, alertávamos para o fato do adiamento desta decisão estar ligado a estratégia eleitoral autárquica do PSD, que perdeu a Câmara de Caldas para um movimento de cidadãos que defende o novo hospital nas Caldas, pelo que, uma posição a favor da centralidade em Bombarral tiraria hipóteses de reaver essa Câmara e poderia trazer maus resultados nos municípios a norte.

Temos agora esta enorme “coincidência”, em que, de acordo com diversos órgãos de comunicação regional, tudo fica provavelmente adiado para depois das eleições autárquicas em outubro de 2025, empurrando com um novo estudo e o anúncio propagandístico para calar as pessoas, sem localização ou cabimentação orçamental.

O Oeste tem enormes dificuldades nos serviços primários com uma das maiores carências de médicos de família do país e tem um Centro Hospitalar espartilhado em 3 unidades separadas por dezenas de quilómetros.

Esta dispersão de serviços e recursos, diminui a qualidade do serviço e falha na assistência aos utentes, com falta de recursos humanos especializados, de serviços como cuidados intensivos (o único do país sem este serviço) ou intermédios e ainda nas urgências de obstetrícia e pediátricas com os constantes encerramentos que se arrastam há anos e que provocaram o caos este Verão.

Com a agravante que não consegue atrair médicos, gastando milhões em tarefeiros, o terceiro maior valor do país. Os edifícios são antigos, a precisar de atualização, bem como os equipamentos e o número de camas está bem abaixo do rácio dos utentes servidos.

Protelar a decisão de um Hospital que sirva dignamente esta população, é também colocar em risco a nossa saúde, adiando um atendimento que poderia ser bem melhor, atraindo médicos e criando serviços que tanta falta fazem. Arrasta-se ainda o drama das urgências intermitentes com grávidas a viajar pelo país e pais em constante sobressalto sem saber se a urgência pediátrica está aberta nessa noite.

Na pandemia as nossas unidades hospitalares e os seus profissionais deram o que tinham e o que não tinham, salvando a vida de tantos, enquanto outros se resguardaram para manter o negócio da doença a fluir.

É determinante que se construa o Hospital do Oeste, tão urgentemente necessário, com uma gestão pública e que se invista num Serviço Nacional de Saúde digno, passando dos bonitos discursos, para a prática, porque já todos falaram demais e usaram o Hospital politicamente, mas ninguém passou aos atos.