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O pesadelo real da saúde em Torres Vedras, que queríamos fosse mentira de 1 de abril

No dia das Mentiras em 2023 tivemos dois acontecimentos reais, que todos queríamos que tivessem sido mentira a bem da Saúde da população do Oeste. Primeiro estávamos à espera que o Ministro da Saúde anunciasse a decisão sobre a localização do novo Hospital do Oeste, prometido até final de março, o que não aconteceu, em segundo lugar estava anunciado começar uma restruturação das urgências, que não passou de fechar a urgência pediátrica de Torres Vedras depois das 21 horas, originando a deslocação para as Caldas.

Sendo assim, o dia 1 de abril não teve piada nenhuma, antes pelo contrário. As famílias viram acontecer o seu maior pesadelo, que é terem uma criança doente e terem de ir parar às Caldas da Rainha, e daí possivelmente para Lisboa em casos mais graves.

Desde a perda da maternidade e do internamento pediátrico em Torres Vedras, que a urgência pediátrica era o único serviço que agarrava aos pais a uma réstia de esperança que a situação pudesse ser revista, mas cada vez a situação piora. 

Este é o resultado de decisões desastrosas na política de saúde, que achou por bem criar um Centro Hospitalar com três unidades a distar 50 quilómetros cada uma, por razões económicas. Estávamos num Governo de coligação PSD/CDS. Paulatinamente o desinvestimento do SNS foi-se agravando, a saúde privada ganhou espaço e o Hospital de Torres Vedras chegou ao ponto de sabemos. O resultado está à vista, pois nem melhorou o serviço, nem se poupou dinheiro. Gastam-se milhões em médicos eventuais, fecham-se serviços e degrada-se a oferta.

Políticas falhadas e poupanças dos diversos Governos, também do PS, resultaram nesta situação patética de fechar urgênciaspediátricasà noite, como solução para um problema anunciado há muitos anos, deixando a população sem qualquer solução. Os privados, que floresceram ao lado de um SNS abandonado, também não constituem alternativa para a urgência de pediatria, pois o negócio da doença, só compensa se for rentável. 

O encerramento das urgências pediátricas foi umadecisãopolítica do próprio Ministro da pasta, perante o bom comportamento dos eleitos locais do seu própriopartido. Não devemos esquecer o que nos trouxe até aqui e quem tem decidido o desmantelar sistemático da Saúde Pública em Torres Vedras.

Novo Hospital não invalida investimento nos atuais

A construção de um Hospital do Oeste, seria, sem dúvida, uma solução para as enormes carências na saúde da região Oeste, onde faltam valências, equipamentos, condições físicas, médicos e outros profissionais.

Depois de anos dependendo de um estudo técnico, finalmente concluído, onde são apontadas localizações, anunciava-seuma decisãoaté final de março. Mas as autarquias do Oeste dividem-se e emergem os egoísmos e o populismo. Jogos de política local dividem autarquias, como Ministério da Saúde a adiara decisão de localização, dando espaço a lutas políticas e bairristas, num medir de forças onde o bom comportamento ao longo de anos, dos socialistas com maioria absoluta na Câmara de Torres, se tornaagora umincómodo.

Sempre defendi que o importante era ter um Hospital no Oeste, cuja localização fosse central, decidida com critérios técnicos e não de bairrismos. A distância, a população, a densidade, o crescimento populacional, acessos, entre outroscritérios, devemser equacionados e quem deve decidir que decida. Bombarral ou Outeiro da Cabeça parecem bons locais, o importante é termos o Hospital.

A nossa luta mantém-se intacta e deve unir-nos sem reservas. Precisamosde um novo Hospital no Oeste que sirvatoda esta área Oeste com mais de 300 mil utentes, mas mantendo as Unidades atuais como linha da frente, com valências de proximidade. Não se podem adiar investimentos e deixar cair o Hospital de Torres Vedras e os restantes, enquanto se espera possivelmente mais de uma década. Seria o descalabro. É fundamental reabilitar e desenvolver os Centros Hospitalaresatuais, repondovalênciase servindo dignamente a população, a começar pelas urgências pediátricas.