A Comissão Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres emite o seguinte comunicado, relacionado com a Marcha pela Saúde promovida hoje, entre a Praça 25 de Abril e o Hospital de Torres Vedras, onde foi entregue um manifesto assinado pelos representantes de diversas forças políticas presentes no concelho:
Associamos-nos ao evento, pela população do concelho e pela defesa do Serviço Nacional de Saúde, em coerência com as nossas posições de sempre. Como tal, comparecemos através de um grupo de representantes, que também estiveram como cidadãos, vítimas da desgovernação no Serviço Nacional de Saúde, na concentração na Praça 25 de Abril, acompanhando a marcha até ao Hospital.
Sentimos, no entanto, a necessidade de evidenciar a incoerência por parte da Presidente da Câmara (organizadora desta manifestação) e do PS local. Isto porque pedem ação a um executivo do seu mesmo partido, sendo que o Partido Socialista a par com o PSD e o CDS, têm sido os principais responsáveis pelo estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde.
Neste momento, o PS tem maioria absoluta no Parlamento, mas escolheu o desinvestimento orçamental, mantendo a drenagem que já havia, de verbas para a saúde pública, para as empresas gestoras de doenças, que são os hospitais e serviços privados de saúde.
Aliás, esta posição ideológica do PS e da Direita, de esvaziamento do SNS e financiamento da expansão das empresas privadas de saúde, foi uma das razões pelas quais, não pudemos, em consciência, deixar de chumbar o Orçamento de Estado que, culminou na demissão do anterior Governo. A evolução da situação com o SNS, desde então, tem mostrado que tínhamos razão.
Estaremos sempre com os torrienses em todas as lutas genuínas pela Saúde Pública, mas não queríamos deixar de assinalar a contradição, porque não se constrói o futuro, ignorando o passado que nos trouxe até aqui. Por isso não nos associamos à assinatura do manifesto que foi entregue, nem marcamos “fotografia de família” segurando a faixa.
Consideramos de extrema hipocrisia que as mesmas forças políticas de diferentes Governos venham pedir que se resolva aquilo que elas próprias, partido do Governo incluído, têm vindo a provocar desde finais dos anos 90: O fim progressivo do SNS, através de uma política de definhamento progressivo enquanto os privados, sustentados com o dinheiro do Estado, se desenvolvem e se expandem.
Muito do discurso da Presidente da Câmara, Laura Rodrigues, representa o que o Bloco tem vindo a defender para a saúde e que o seu próprio partido tem vindo a bloquear. Um discurso com anos de atraso e de atitudes de “bom comportamento”.
Lembramos que no anterior período eleitoral, onde tínhamos representação na Assembleia Municipal, em pleno período pandémico, defendemos que o município tinha algo a fazer para ajudar a causa do SNS e, nomeadamente, os profissionais do Hospital de Torres Vedras. Até a medida mais simples, como parque de estacionamento gratuito para os profissionais do hospital, foi chumbada pela maioria do PS.
A Câmara Municipal não pode descartar as suas responsabilidades naquilo que tem a capacidade de fazer, seja por apoio ao SNS no terreno, seja por uma constante e forte pressão ao Governo para a defesa dos cuidados de saúde em Torres Vedras ou ainda pela criação de incentivos municipais à fixação de profissionais, que sempre recusou.