O Bloco de Esquerda de Torres Vedras mostra enorme preocupação em relação à degradação dos serviços públicos de saúde na região Oeste e no concelho de Torres Vedras em particular, que coloca em perigo a saúde dos torrienses e o acesso a um direito fundamental das populações.
As urgências estão em sobrecarga, sem condições de atendimento, com doentes a serem transferidos para Caldas, ou Lisboa e continuam também os velhos problemas nas urgências pediátricas, com falta de médicos especialistas para preencher turnos.
Demitiram-se as chefias das urgências em Caldas, terminaram-se contratos a 15 enfermeiros a termo, que não se sabe se poderão voltar a ser contratados.
O desinvestimento a que o SNS tem sido votado de forma continuada, perpetua a falta de condições e apresenta um cenário com poucos enfermeiros e médicos para as longas listas de doentes a atender, macas e camas nos corredores ou pequenos espaços, por falta de internamento, entupimento das urgências e o abandono dos profissionais e especialistas, por más condições de trabalho, horários desgastantes e fraca remuneração.
São inúmeras as queixas de utentes e notícias na imprensa, que revelam urgências fechadas, longas esperas, atendimento deficiente e o desespero pelos utentes, como se verificou na Páscoa com a falta de resposta das urgências pediátricas.
Os próprios bombeiros torrienses alertam para os riscos na prestação de socorro, devido às longas horas de espera, deslocações para fora do concelho e até macas retidas.
Não podemos arrastar mais esta situação de não incentivar a fixação de profissionais no SNS, gastando-se verbas avultadas para contratações eventuais ou a prazo, para cobrir deficiências sistémicas, em vez de contratações para o quadro e de um investimento sério nas estruturas e profissionais do Centro Hospitalar do Oeste, CHO.
A pressão das urgências está igualmente ligada à falta de respostas primárias e médicos de família, cujo quadro vem de trás e mostra 20 mil utentes sem médico de família na área da AECS Oeste Sul.
Conhecemos a caricata situação dos municípios do Oeste, que nem conseguem entender-se na localização de um novo Hospital, quanto mais haver uma posição concertada para acesso ao quadro comunitário de investimento. Mas antes disso, a curto prazo, há um investimento a ser feito nas unidades atuais, que tarda e que não se vislumbra, com a inflação prevista, o que pode resultar, que as verbas reais para o SNS possam até ser menores.
É incompreensível que os autarcas de Torres Vedras, cuja maioria absoluta é também socialista, continuem numa posição passiva, quando o seu compromisso é para com os seus munícipes.
Urge pressionar o poder central, denunciar esta situação insustentável e exigir respeito com firmeza. Se arrastamos esta situação no CHO outros 4 anos e, para além disso, o novo hospital não tiver o seu financiamento sequer previsto, esta responsabilidade terá responsáveis e nós cá estaremos.
Sabemos que o PS protege os privados e que o seu Governo destina grande parte do orçamento com a saúde, para o pagamento de exames e tratamentos nas empresas privadas de gestão de doenças.
Mas também sabemos com quem pudemos e podemos contar, quando surgiu uma pandemia que acobardou essas empresas e bloqueou o acesso de doentes a diversas unidades privadas.
Não compreendemos a insistência das parecerias com privados enquanto se deixa que as unidades do SNS apodreçam.
Lembramos que o SNS é para todos, enquanto as empresas privadas de gestão de doenças são apenas para quem pode pagar.
Urge um SNS digno para toda a população e para todos os profissionais que aí exercem as suas funções.