Decorreu no dia 11 de junho, às 17h30, a Apresentação da Candidatura Autárquica do Bloco de Esquerda, no Parque da Varzea. O evento contou com a intervenção da Carolina Vieira, Pedro Pisco, Jorge Humberto e Catarina Martins.
Abaixo está transcrita a intervenção do Jorge Humberto, que é o cabeça de lista, na lista apresentada pelo Bloco à Câmara Municipal de Torres Vedras.
Boa tarde a todos e a todas
Agradeço a presença da Catarina Martins e o seu apoio,
bem como a todos os camaradas, candidatos, candidatas e simpatizantes aqui presentes…
Uma saudação muito especial também ao nosso mandatário, Joaquim Moedas Duarte,
Homem de esquerda, ativista, homem da cultura, da educação, figura pública, ligada a causas, à democracia, aos valores …
Muito Obrigado… é um apoio que muito nos honra….
É com especial alegria que tenho o orgulho de encabeçar a lista do Bloco à Câmara Municipal.
Uma lista de homens e mulheres de princípios, de trabalho e preparados para as mudanças que Torres Vedras precisa.
Bloquistas e independentes que se encontram nesta luta … para uma vida melhor e mais justa para as nossas gentes.
Uma equipa generosa, de gente que vive e sente Torres Vedras.
Não estamos na política como emprego, para nos servir ou perpetuar no poder… estamos e estaremos sempre cá para os torrienses….
…para servir o município e todas as pessoas sem exceção…
Torres Vedras precisa de mudar o rumo da governação e das políticas.
Já temos muito tijolo e betão… muitas de obras e projetos para mostrar … basta de estratégias para manutenção no poder…
Basta de negócios… dos mesmos, para os mesmos de sempre…
Sabemos bem ao estado em que a governação do concelho chegou, estamos fartos de mais do mesmo …
Por isso nos apresentamos aqui como alternativa de esquerda, para governar para as pessoas e com as pessoas…
Ao compadrio, à corrupção, aos amigos do costume… nós respondemos com regras claras e transparência, porque com o dinheiro público não se brinca.
Regras nos concursos, nos contratos… todos tratados da mesma forma… regras claras nos gastos… escrutino da população através de uma informação clara e acessível…
O dinheiro público não serve para agendas pessoais, para negócio de alguns… ou projetos opacos de poder… é o dinheiro dos nossos impostos…
Serve para garantir qualidade dos serviços, habitação pública, justiça climática para o futuro dos nossos filhos, a qualificação da educação, da saúde, do apoio público aos idosos… a fixação dos nossos jovens… serve para um concelho mais justo onde não haja cidadãos de 1ª e de 2ª.
Por isso o nosso lema é: Investir nas pessoas - garantir o futuro.
Isto representa uma mudança de prioridades na governação.
Há meses escrevi um artigo intitulado “Diz-me onde gastas o dinheiro… dir-te-ei quem és”, que refletia sobre as prioridades orçamentais da autarquia.
Um contraste imenso entre obras, edifícios, museus, COISAS… que levam a quase totalidade do dinheiro… … e depois o parco investimento real nas pessoas.
ORA
Não se pode dizer que se governa para as pessoas e não ter um plano de habitação pública, fechando os olhos à pobreza e às condições de habitação das famílias mais carenciadas, aos migrantes e de todos os que lutam por habitação digna acessível,
… reféns da especulação imobiliária e do mercado de arrendamento, que as atiram para a sobrelotação e indignidade…
Não se pode dizer que se governa para a qualidade de vida dos cidadãos e aceitar como inevitável a vida de homens e mulheres precários, explorados, sem direitos, silenciados pelo medo de perder o emprego…
Não se pode dizer que as pessoas são importantes, e depois chumbar proposta de apoio aos trabalhadores agrícolas migrantes, ou, ainda a atribuição automática de tarifa social da água, deixando quase cinco mil famílias carenciadas de fora …. condenadas a um processo burocrático anacrónico, para quem tem de mendigar o que é seu de direito…
Não se pode apregoar um concelho verde e com mobilidade, e depois não ter um plano integrado de urbanismo, de espaços verdes e naturais e de mobilidade, centrados nas pessoas, na oferta de alternativas e de transportes públicos, que sirvam efetivamente a população.
Não resta mais nada, senão andar depois a multar os carros por toda a cidade… porque não há outra opção para a população.
E quando se deixam as freguesias isoladas sem os serviços que precisam, dia sim dia não… sem transportes, posto médico, populações entregues a si próprias?
Não se pode apregoar uma paixão pela educação, sem uma política de apoio aos Projetos Educativos dos Agrupamentos e de investimento na qualificação do ensino público.
Alguém já se preocupou em saber o que as escolas precisam para melhorar a qualidade do ensino?
Recursos humanos? Laboratórios? Instrumentos musicais? salas equipadas para expressão artística, espaços para espetáculos e apresentações, equipamentos didáticos diferenciados ou para formação profissional…. Espaços para criar contextos de inclusão, de criatividade, de desenvolvimento pleno dos alunos?
As escolas não servem para alimentar agendas paralelas, ou de promoção dos agentes políticos …. a escola precisa de uma comunidade que esteja ao seu lado e se preocupe com aquilo que efetivamente precisa… porque quem sabe de escola são os nela vivem.
Por falar em serviços públicos… estamos fartos de intenções pela defesa do Serviço Nacional de Saúde e depois assistirmos ao triste espetáculo dos autarcas do Oeste a defender as suas capelinhas na localização do novo Hospital do Oeste… sem sequer concordarem num estudo de localização … em vez de estarem unidos a defender a inscrição das verbas necessárias para que seja construído.
Ninguém compreenderá se isso não acontecer nos próximos anos. Afinal de que serve termos os mesmos partidos à frente das Autarquias e no Governo?
Esta pandemia veio tornar inadiáveis as carências de recursos humanos e nos serviços do Centro Hospitalar do Oeste, a falta de condições das urgências, a falta de valências, Cuidados intensivos que nem sequer existem, as carências nos Centros de Saúde, os postos médicos nas freguesias … nada pode adiar estes investimentos… pois todos os problemas estão cá na mesma…
Há tanto por fazer por Torres Vedras…
Eu lembro-me bem, há 25 anos, quando precisei de uma creche e depois jardim de infância. Não havia rede pública… tínhamos de inscrever as crianças ainda na barriga da mãe, para uma lista de espera que ninguém sabia se iria ter solução. Era como um favor pago a preço de ouro…
E hoje continuamos exatamente na mesma situação em relação à necessidade de creches públicas, … não há.
… mães e pais sem creches públicas… pagando preços elevados por respostas privadas… nada mudou… a mesma angústia.
E temos ainda muito que fazer por uma rede de jardins de infância públicos com capacidade para todas as crianças a partir dos três anos…
Também nos Lares e Centros Dia, nos cuidadores, no apoio domiciliário, nos cuidados continuados...MAIS UMA VEZ AS LISTAS DE ESPERA… a demissão do Estado… preços incomportáveis … temos de inscrever os nossos pais, em listas de espera… como fizemos com os nossos filhos … à espera…
… e à espera de soluções muitas vezes com baixa qualidade, onde em muitos casos despem os idosos da sua dignidade e da sua individualidade.
Na infância como na velhice, na juventude como na vida adulta… não aceitamos as desigualdades baseadas no poder económico…
Não se pode nascer, viver e morrer…. Com a qualidade e a dignidade indexadas à quantidade de dinheiro que se tem.
Há tanto por fazer … há tanto que o setor público/a autarquia podem fazer… em tantas áreas essenciais…
É preciso ter contato direto com os munícipes, resolver os problemas reais… saber ouvir… estar com todos e todas, especialmente nos momentos difíceis.
Não basta ter gabinetes disto e daquilo… não bastam projetos, estudos que custam milhares… papéis… é preciso ação … ir junto dos que precisam, ter uma política ativa e emancipatória, das pessoas, numa postura preventiva e não de caridade, como garantia de um futuro digno para todos e todas.
Muito poderíamos aqui falar… convidamos a uma leitura atenta das nossas propostas pois é por elas que nos batemos… já aqui abordamos muitas delas…
Este será o nosso caderno de encargos… que estará sempre em cima da mesa… em qualquer circunstância.
Uma coisa podem ter a certeza… no dia a seguir às eleições… estaremos cá… como sempre estivemos… a trabalhar para e com a nossa gente, por um concelho mais justo, com futuro de qualidade, por melhores políticas públicas, pela igualdade, pela inclusão, pelo pluralismo, pela democracia e pelos direitos humanos.
Defendemos as nossas propostas, os nossos valores e os nossos ideais…
É desta forma que Torres Vedras pode sempre contar connosco.
Este dia é apenas o começo… do tanto que há para fazer.
OBRIGADO